Parabéns pra você!

Não quero a hipocrisia de presenças imaginárias e desencontradas.

Não quero essa constante de sorrisos que evaporam no ar diante de qualquer não, de qualquer impureza ou contrariedade.

Eu quero sim, passear pela minha fala escrita, ainda que seja para quem não entende nada, mas de alguma maneira me ouve. Eu quero é o colo de uma escuta autêntica, de chá seja gelado ou quente, o que importa é quem o oferece à mim.

Não são bolos ou enfeites que alegram a minha alma, desejo um outro tipo de doce e até mesmo um outro ornamento, eu desejo carimbos em minh’alma, que sejam etéreos e que eu leve para além da existência.

Nesse dia eu nasci, nesse dia eu cresci, e tudo vai acontecendo neste agora infinito, rodeando-me de versos que são letras que já nasceram comigo e vão se depositando no colo das poucas pessoas que  disseram-me: parabéns!

Eu já não vejo a graça de tantos risos juntos, eu já nem lembro onde ficou perdida a minha empatia por outros seres tão pontuais e presentes para brindar e já tão distantes e ausentes para chorar comigo. 

Alguém perguntou-me: como você está?

Eu estou aqui, perdida e esperançosa. Confiante e paralisada acreditando que tudo vai acontecer diferente, mais um ano, mais uma vez dentro de um tempo que penso está se renovando, mas na verdade ele só está terminando.

Alguém perguntou-me: vamos comer bolo hoje?

Acredito que sim, não sei, gosto de comer bolo o ano todo. Que pergunta ingênua, que pergunta falsa, que pergunta espetacular.

Já se vai meio século de existência nesse corpo santo de mente profana e também nessa mente que me engana dizendo que o corpo é eterno. Dualidades infinitas para uma vida que nunca vai acabar...

Hoje eu digo paranbéns para mim que já comecei a entender o propósito disso tudo aqui e parabéns pra você que é a razão pela qual eu estou por aqui passando um tempo. Não sei quem são vocês, estão por aí, e de alguma maneira vamos nos encontrar, por que senão, qual seria o motivo de tudo.

Parabéns pra você nessa data querida, diz baixinho a voz dentro de mim, e desperta-me para lembrar-me que há pessoas esperando à porta para entrarem e abraçar-me.

Recebi presentes, este ano, só veio quem importa e se importa comigo.

Poucas pessoas, poucos presentes, tudo fez mais sentido em quantidade e significado.

Comemos bolo, rimos, relembramos e nos emocionamos.

Lembrei de uma poesia que um dia escrevi e que dizia que eu queria apenas coisas pequenas que coubessem dentro do coração.

Hoje tudo se encaixou, coube certinho.

Parabéns pra você, nesta data querida ...