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Neste blog você vai ler textos autorais, poesias e se for além das palavras, vai entender as letras que juntei para saber sobre quem eu sou, e assim, quem sabe, descobrir um pouco mais sobre quem é você. Boa viajem nesse trem de palavras do autoconhecimento; o meu e o seu.
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Sobre ter mãe
Uma vez eu ouvi que a relação com mãe é a MÃE de todos as nossas outras relações. Eu achei muito confuso em um primeiro momento, pois minha cabeça girou em pensamentos tumultuados como se eu quisesse reviver toda minha vida em memórias dentro de um tempo cronológico para ver se aquilo fazia sentido.
Claro que eu não consegui alcançar toda a compreensão que eu precisava naquele momento e na verdade até agora enquanto escrevo essa frase, ainda estou absorvendo e fazendo as correlações necessárias. Porém, quando tornei minha mãe o alvo para entender muito de quem eu sou e da forma que sou, as respostas vieram.
A verdade é que nunca consegui olhar minha mãe de frente, ou mesmo para além dela, eu só enxergava o arquétipo mãe pelo qual eu compreendia a existência dessa “figura” que era tão essencial e crucial para os filhos.
A idolatrada, homenageada, contada em poesias, aquela que fazia falta, que amava e era amada e eu olhava e não entendia nada. Demorou para que eu compreendesse o conflito que existia entre a minha percepção e vivência real em contraste ao arquétipo descrito acima. Até que eu ouvi outra frase: “sua mãe é um ser humano e não uma heroína ou santa que se coloca em um pedestal; ela sofre, erra e a vida dela não parou quando você nasceu”.
Então, eu fiquei assim como se precisasse gritar para que aquela voz me contasse mais sobre essa mãe que errava, pois foi a única parte que eu identifiquei e poderia fazer algum sentido para me explicar tudo o que eu sentia, e que eu nem sabia.
Entende quando você convive com algo durante muito tempo, por anos mesmo, e não sabe dar nome para isso, não entende se é sentimento, ressentimento ou uma emoção negativa recorrente, não sabe se é gente ou demônio, mas anjo certamente não seria, pois não acredito que um anjo perturbaria tanto. Assim como eu me sentia eu vivia, distante e oprimida, sem entender a falta de ter mãe.
Confusão, caos dolorido onde nada se encaixa, nem eu nem ela, apenas eu aqui ela acolá, outras vezes eu bem longe e ela aqui. Tudo estranho, eu distante e ela perdida de mim.
Nada encaixava porque por onde eu olhava eu via mães e filhas e pensava: então é assim, porque comigo não é assim e eu só seguia nessa falta que eu não sabia nomear.
Permita-me gritar minha orfandade pois não tive lembranças, e hoje não sinto senão o abandono e a rejeição. Eu sou apenas eu, em eterna solitude e não sei te abraçar, por isso hoje sou tão aversiva ao toque e parece que ninguém me enxerga.
A relação com a minha mãe é a mãe de todas as minhas relações.

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